domingo, 23 de maio de 2010

... e então você me disse, naquele seu ímpeto furioso e petulante, que não acreditava mais em nada e já tinha desistido e engolia sua bebida com uma pressa urgente e desesperada.e eu fiquei urgente e desesperada, não porque eu queria te segurar e embalar e acariciar, mas porque precisava te pegar pelos cabelos e esfolar sua cara no asfalto quente e derretido, soluçando não é assim, não é assim não é assim você sabe que eu sei que você sabe que está mentindo. e não é pra você chafurdar no meu discurso pronto de quando me perguntam qualquer coisa e a resposta é a mesma coisa, eu quero que você segure minha mão apertado dizendo é por aqui, é por aqui, com olhos de criança quando faz arte e aí eu finjo que acho que é perigoso, mas você me convence e me atropela as palavras que vão se sufocando e se perdendo num túnel que também desaparece quando antes de você dizer por favor eu já disse tudo bem. não mente pra mim, não mente assim que eu me descontrolo e concluo que tudo era mentira, e aí eu penso na mentira e concluo de novo que tudo tá errado, e também passo a achar que não dá pra acreditar mais em nada. e eu já tenho vontade de parar por aqui, porque tenho medo de onde isso vai parar e já sinto que jajá o pouco de sentido que tinha foi engolido junto com as vírgulas que esqueci de pôr porque é com urgência que eu te faço esse rabisco pra pregar num lugar que você veja antes que eu volte a parecer impassível, controlada e passe a entender tudo o que aconteceu. e aí se eu entender, tudo vira abóbora. eu não 'tenho que'nada, você entende? tomara que não entenda, porque se não houver desentendimento não tem a gente e nem mais nada e nem mais sei lá o quê, porque se eu disser tudo daí não tem mais sentido algum eu querer te escrever pedindo pra voltarmos a perder o sentido e...

... e numa freada busca, o ônibus fez com que o descuidado papelzinho voasse janela afora.

4 comentários:

Anônimo disse...

Aaaaaaaaaaah! Agora tem outro! Pouxa, que lerdo que eu sou. Okay, to lendo… li.

Meu irmão diria que o ônibus frear foi um ato falho! Haeoihaeoihae. Engraçado, leio várias vezes e toda vez vêm uma imagem diferente na cabeça! Assim não consigo comentar horas. Mas gostei! Afinal, você conhece lugar melhor prá pensar do que ônibus? Hum… eu sim, a beira de um lago, por exemplo. Mas quando não se tem lago, temos ônibus. Aquela mistura de olhar prá rua vendo as pessoas, fingir que você está pensando na vida delas enquanto parte do seu cérebro está concentrado em reparar no inevitável espelho que o vidro do ônibus cria e pensar na sua própria vida. É, realmente gostei… Hum… agora vou pro outro!!!
Beijuuuuu

Insolente disse...

que beleza, menina, ficou bonito mesmo o escrito no insolente...

se vc me dissesse que é verdade o papelzinho voando janela afora, eu ia achar Deus um sacaninha. Mais do que já acho.

Fuz disse...

Mulher é fraca, homem é dissimulado

Aline disse...

Mas que porra, brow. ;/