sobre a toca da raposa

sábado, 29 de outubro de 2011

Longe da turbulência cotidiana, o estupor de uma noite abafada sentencia: restos da lembrança de um janeiro sem chuvas, ranço amanteigado de lágrimas que inflavam-me impiedosamente os rins. Acabrunha-se agora, tímido, o cinismo de novembro: a despedida da primavera, flores murchas e rancorosas que há meses teimam seu lugar, invejosas do suco que escorre dos pêssegos que passeiam pelas bocas febris, habitadas pelo insulto e pelo escárnio.

- Dr. Jekyll – chamo em desafio frente ao espelho – qual era a metáfora do monstro?

Exercício de escárnio, escolho novas correntes, tecidas delicadamente de rendas e tafetá, acolchoadas em meus pulsos inquietos e descompassados – cativos, expressão máxima da liberdade de aprisionar-se pelo preço da incerteza oracular. Corrida com os seios e o sexo expostos, extermínio da espera: escusa-me pai, mas o leite secou e não há lugar algum para voltar.

domingo, 16 de outubro de 2011

quê se escreve quando as palavras recuam em respeito à sinestesia de uma 

onda colorida, cores quentes e pacíficas

(oposição à fúria cotidiana,)

e emudecem,

e brotam nos olhos,

no aperto dos pulsos,

...o pertencer às paredes do mundo,

lesmas no muro;

aceitar em gargalhada

a tradição do inexplicável,

verter em lágrimas doces

sorver em paladar humilde,

o que os humanos fazem de melhor: .

.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

proposta de correr em fluxo, deparamo-nos com as pedras na corredeira.

curiosos demais para apenas pisá-las,

cheiramo-las,

lambemo-las,

monas,

musgo crescente nas entranhas

veneno letal,

pecado científico.