2011, (des)balanço geral

sábado, 31 de dezembro de 2011

Abacaxi arranhando a garganta, o ano que passa começa a fechar as suas portas, cutucando-me as costas: - e aí, e aí?

- Aí que em janeiro uma tirolesa astral nos arremessou para a profecia que se adiantava, e o vento não me deixou acender sequer um cigarro. E levava para longe minhas bonecas e pelúcias, cortando-me a face com a violência de um aborto, pelo preço de um ventre.

Ostento-o com as duas mãos em concha, desce suave e humilde a lágrima que levou mais de vinte anos pra brotar, e agora tenho uma espada, uma oração e palavras impossíveis de arremessar em prosa,

Em poesia,

Elas correm

Me fustigam

“- agora sabe, mulher!” – gritam em uníssono

Que grande é quem sabe que é pequeno

E como prova,

Se esvaem das mãos da poeta, inconsolável

Chão lavado de sal:

- Alice, a fechadura!

Em primeira pessoa, 2011, obrigada pelos golpes, seu louco. Quem esteve por perto, obrigada, seus loucos, por me ajudarem a enxugar a prosa e aprender um pouco de poesia. Pra quem seguiu trilha diferente, obrigada - e nos encontramos na saída sem ressentimento, nem chorumelas. E eu vou vestir branco hoje, sim, senhor. E vermelho sangue, porque flui.