domingo, 20 de junho de 2010

mais uma vez, man. estou aqui bêbada e sem freios, dirigindo sem rumo só pra ouvir mais uma vez aquele cd bobo e clichê, que você gravou e escreveu 'viagem' com seu garrancho infantil. e, man, foi uma viagem. de repente todas essas canções fazem sentido, e aí eu acelero como se pudesse fugir desse choro desesperado da minha garganta, porque eu não te tenho mais. mas é o que dizem, né? quando estamos assim, sem cor nem futuro, qualquer hit pop se encaixa na nossa dor. mas meu repertório não passa de três acordes, você sabe, man, quando ria de mim desafinada e desajeitada. e aí eu ria de você, altivo e bonito, dedilhando seu violão como se ele fosse parte de você.
e eu quero que você, altivo e bonito, vá tocar suas bobagens pra bem, bem longe daqui. e, por deus, você sabe como eu sou hipócrita ao dizer isso. porque te queria aqui, bem perto, se entrelaçando e se fundindo e se perdendo e se emaranhando em mim, num timbre surdo e agudo, sem se preocupar com o canto das sereias e a maldição da inveja divina. mas corre, corre enquanto é tempo e eu não surtei vomitando pulmões na mesa do bar, gritando que mentiram quando disseram que eu só combino comigo mesma, porque eu combino com você e a gente na nossa insanidade dá. porque você diria que não concorda, e só combina consigo mesmo e se curtiria sozinho numa noite de verão sem estrela nenhuma, só o quente da hipotensão e o abafado, que você confunde com calor e plenitude. e aí eu te procuraria com olhos de sangue e de ressaca sem machado nem capitu, quebrando um casco em cada esquina e apertando os cacos com toda a fúria do mundo, querendo te alcançar soluçando um escândalo sem propósito, louca.
então some enquanto eu não enlouqueço, man. faz o seu som, corta esse cabelo ridículo, descobre o mundo e fode quantas você puder, até descobrir sozinho, man, que o que mamãe te sussurrava antes de dormir era tudo mentira. você não é o príncipe, não tem dragão pra provar sua bravura, nem castelo nem ninguém em perigo - só você. é só você e seu egoísmo, prince, lutando contra esse mundo tão fodido e tão bonito.e vai depender do jeito que você vê essa coisa toda, e eu espero. porque estou bêbada, sem freios, boba e apaixonada, rodando sem fim e torcendo pra que a última música do cd termine em final feliz, quando você desafia - e vence - os bárbaros pra me resgatar da minha historinha de cabeceira. porque por enquanto você é um deles, e eu me refugio abraçando a mim mesma, enquanto esquivo desses seus machados que me rasgam e, pior ainda, me abrem.

6 comentários:

Dayane Abreu disse...

Um texto forte pra me fazer acordar nessa manhã de feriado.
É realmente muito bom ler essa menina.

Anônimo disse...

Maaaan, this is awesome!!! Hehe, é realmente um texto lindo, e realmente forte (e eu acabo de acordar, e hoje é fim de semana). E eu acho incrível como você consegue misturar tantas idéias num texto. Acho maravilhoso. Como você me disse uma vez: “A natureza te oferece todas as metáforas do mundo”.

Sobre príncipes e princesas… e dragões… e como há dragões… Hoje ouvi uma frase que era mais ou menos assim: “[sobre super-heróis em quadrinhos]… não existem super-heróis na vida real. Estaria tudo bem se o mesmo fosse verdade em relação aos vilões…”

Não acredito mesmo em príncipes (ou princesas), mas tenho realmente fortes tendências a crer em dragões!

^___^

Anônimo disse...

Caramba, a Maira tem razão, você é maravilhosa! Adorei o seu texto... De um sentimento tão profundo, de uma emoção tão forte, tão impactante. Achei muito muito bom, você escreve divinamente. Vou te favoritar aqui *-*

jhones passagem disse...

desculpe, mas gostei^^

Insolente disse...

violento, mas bom.

Como andam as coisas por aqui, começo a achar melhor comprar uma torta inteira e deixar na geladeira pra quando precisar. E vodka.

Maiza disse...

Você estava pensando em mim qdo escreveu isso? uahuhauhauhuahuauhauauha Tá parecendo os posts da florence carol. Aqueles que eu não entendo O.o
Enfim só passei pra deixar um beijo ;*