vaidade e etc.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

peças ordenadas, um acordo. as brancas começam.
- peão quatro rei! - brada o oponente, arqueando a sobrancelha grisalha. um insulto.
the classic one. peão na frente do rei, promessa de um caminho longo e tranquilo. mas, já resmungava adão ao sucumbir à maçã oferecida pela amante, as aparências enganam. por trás de um terno bem cortado e um sorriso elegante, pode-se esconder tantas, tantas coisas. cartas dentro das mangas, camisa, meias... pra quem já sofreu tamanho espancamento ao defrontar-se com a sucessão dos lances, fica o antídoto:
- peão quatro bispo! - e as garras estão à mostra.
assim, com o oponente fisgado logo de início, não há mais sutilezas ou simulações. a batalha promete verter sangue e desonra - e os rodeios, flores e floreios recolhem-se do cenário, ruborizados.

...mas a história não termina por aqui: caso haja a queda de alguma possível máscara, um peão quatro bispo pode denunciar uma inexperiência patética.
cabe agora às brancas interpretarem o teatro, e depois as negras, e assim até as cortinas serem fechadas pelo perdedor - ou, recorrendo ao velho ditado dos enxadristas, por quem errar por último.