ao deus que for...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

o pudor, correndo séculos a fio sobre corpos de incertezas, abafado quente, transparecido em um semblante frio e apático, gastrite ardente corroendo ovários doentes. censura, silêncio, lençol luz apagada, cócegas vestidas de inocência.
o medo da vulva, do calor de pernas que se encostam distraidamente, auto-boicote. renúncia do tato, febre fria, dor.
espia rápido por detrás da venda de cetim vermelho, explode em desassossego, cruza as pernas, aperta o sexo, a umidade da roupa denuncia. desconhecer o próprio corpo, vetar desejo na compulsão alimentar, fechar os ouvidos para os segredos da pele, até quando o rubor? até quando o pênis de uma feiúra repulsiva, o clitóris, amorfo, e o cu, palavrão? direito à tpm, sim, à masturbação, não. quê querem, senão gozar lamúrias?
suor, saliva e sêmen, liquidos, fluxos quentes e humanos - talvez seja aí onde reside a causa: negar o que é demasiado humano. (postado originalmente em junho de 2011)