sobre o primeiro arranhão

sexta-feira, 12 de março de 2010

- gostou? - perguntou, enquanto enfrentava uma batalha interna contra sua euforia.
- então, não deu pra ler... eu comprei alguns livros durante as férias, e não deu tempo pra esses.depois você me empresta de novo.
- entendi. eu empresto, sim. bom, já vou... vou me atrasar pro almoço.
ganhou um "ok" e um beijo rápido, superficial, não entendia porque as pessoas encostam as bochechas nas suas e estalam os lábios para o ar, para cima, como se o alvo fosse um passarinho.
e correu. correu como nunca, levando quatro livros grossos na mochila quase infantil. estava tudo ali; nas entrelinhas, no cheiro, no marca-páginas. todas as palavras que nunca seriam capazes de sair de sua boca tímida e pateta. todos os seus sentimentos embotados e atropelados, desesperados.
o garoto mais bonito do colégio. e desdenhou os seus tesouros, e não a olhou nos olhos. sequer, ofereceu carona na garupa da bicicleta.
mas ela continuou correndo com o peso dos livros e o peso da dor; e caiu. tropeçou nos próprios pés. foi humilhante. trouxe para perto do corpo o joelho que sangrava, e chorou, e soluçou descabidamente: pelo joelho ralado, e pela melancia que só brota na garganta dos que se apaixonam pela primeira vez.

wishin' + hopin'

quinta-feira, 4 de março de 2010

coisa mais boba e ultrapassada, e não fujo disso. abandono aqui Narciso por um sonoro puta-que-o-pariu.
queer.
é tão patético, e tão inevitável. puta que o pariu. bom dia, impotência.
bom dia, masoquismo.