Maria, sobre o que você quiser que seja

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Maria nunca me contou o que havia por trás daqueles olhos negros. Escuridão rochosa, tropeçava lenta em sua retina, encostando meu nariz no seu. ‘Diz pra mim’, eu pedia, e ela ria larga e melódica, ‘dizer o quê, meu bem?’, retornava, tocando meu rosto suave e calma. Voraz, pudesse eu retalha-la, encontrar ambrosia em suas entranhas. E logo já quis devorá-la, ela em mim, ela parte de mim, no sentido mais literal da sentença. Espinhos roçando em minha garganta, cuspi Maria e corri em desespero, feitiço contra o feiticeiro: Maria me retalhava.