quarta-feira, 2 de março de 2011

Eu a olhava egoísta, procurando me aquecer; só pude encontrar um vestígio de vermelho desbotado, escorregando nos seus cabelos agora compridos – interpretei-os: aceitação.

- Não aceita, não. Corta os cabelos, corta as raízes, você é aérea e linda e eu te espero. Rasga, manda à merda, rompe e grita. Me fala, ébria e melódica, que você prefere a poesia, que sexo às vezes é um porre, tira sarro disso; cita a Clarice com o cigarro em punho, se queimando descuidada e dizendo que vai começar sua autobiografia.

Quis gritar, chacoalha-la; boneca de pano com as costuras firmes, pude ouvir: - Tá tudo preso, atado, sete-chaves jugular abaixo, não mexe, não, por favor.

Um sorriso amarelado pelo tempo e pela apatia, me fez lembrar de que preciso comprar um novo vaso pra plantinha da sala voltar a crescer. Volta, flor.

3 comentários:

Dayane Abreu disse...

Ao meu ver, os seus escritos são de um futurismo sensível. Tem força, movimento e emoção.

Candy disse...

Me espera, eu tô voltando! Eu não vou aceitar nunca mais![

Candy disse...

e eu tenho muita, muita coisa pra te contar!