eis o sangue:

quarta-feira, 22 de abril de 2009

vocês sabem - eu sei que todos vocês sabem - o que é a vontade de ser Atlas e sustentar o céu com a força dos braços. mas há duas diferenças que devem ser citadas aqui: nós nunca, jamais, conseguiremos sustentar o insustentável; e Atlas fazia desse seu destino. nós não conseguimos.
mas tentamos. trepamos no nosso ego e levantamos nossos braços - fracos e estúpidos. e, enquanto tentamos tirar força do inexistente, pensamos no amor. que é por amor.
mas é por egoísmo. eu. eu. eu. porque eu sou capaz de amar, porque meu amor fugiu.
mas ele não fugiu. por ironia do que costumo chamar de destino, ele está mais perto. podemos sentir que ele acabou de passar por ali. mas não precisa de você. mais uma vez: ele não fugiu; continuou sem você.
fluiu.
e, no auge da bestialidade, enfiamos nossa cabeça na água corrente, e tentamos sumir pelo ralo.
mas ficamos. definhando, remoendo, questionando. por quê, por quê? por quê não mais?
não queremos saber de resposta. nem saber a quantidade de bactérias que há na água parada e suja que nos tornamos. não temos coragem de escrever em primeira pessoa,assumir que a podridão é minha, e não nossa. o Eu fica de lado. esse problema é antropológico. preferimos jogar a culpa pro lado de fora.
você se foi; as cartas acertaram. os poetas acertaram: o pra sempre acaba.
mas eu sei - e meu coração e minha petulância sabem - que você continua aos tropeços, e tem medo de olhar pra trás. eles sabem que você procurou amparo no manipulável, e tenta enchê-lo de você.
e eu continuo aqui, olhando praquela foto que você tirou no dia que nos conhecemos e definhando, e remoendo, e questionando. a minha confusão, a sua perversão. e seus soluços contidos. e seus olhos que, quando os vi pela última vez, já não tinham aquele aroma adocicado, e que se apoderaram do quadro perfeito que tinha de sua última imagem.
E é aqui, vendo seus olhos sem brilho, que não sou mais eu, mas voltamos a ser nós. que insistimos em puxar os dois lados da corda, e que rezamos pro vazio que sobrou não nos engolir.

7 comentários:

L disse...

a insustentável leveza e fraqueza do ser.

Lô disse...

bar elevado à décima potência.

curvo disse...

gostei do título,
e da tensão flutuante.

R. disse...

Me desculpa o clichê de citar Quintana, mas é certíssimo:

"Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta?"

Hum?

Beijos!

Anônimo disse...

ai... num sei onde dói (andorinha)

HEREGE disse...

E ae Carol!! Tudo bem??
demorei mas apareci!
olha só, curti bastante sua forma de escrever! agora q achei seu blog tenho muita coisa pra ler! hehehe o meu ta só começando, um dia ele fica como o seu!! =)
besos! e tenha um excelente fim de semana!

Júnia disse...

Realmente, o amor flui.