de açúcar

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

aprende e continua aprendiz
ensina muito e reboca os maiores amigos
faz dança, cozinha, se balança na rede
e adormece em frente à bela vista

-que horas são? – perguntou distraidamente, espreguiçando-se.
havia adormecido com a mesma roupa do dia anterior, mas não se importava com isso. a preocupação era saber se havia cafeína ali.
cafeína, e um pouco de amor. para colher o dia.
para sustentar o peso de sua alma e de seus encantos, que transpareciam calmamente através de um par de olhos sonolentos.
“são de ressaca” – murmuraria entre os dentes algum machadiano amargurado.
“não; são janelas” – acertaria qualquer romântico empoeirado. se fossem de comer, teriam gosto de doce de padaria. suspiro. suspiravam.
quando passava, deixava atrás de si paz e cheiro de terra molhada-de-chuva-de-verão.
...esguia, de mãos e traços decididos. desleixadamente delicada, de riso largo e contagiante. crua.pura.
parece mais uma Flor cor de pôr-do-sol.
-meio-dia.
mas a resposta já não fazia sentido. ela voltava para os seus sonhos, sem pressa.

3 comentários:

Insolente disse...

crua. pura.
quase pude vê-la...

Candy disse...

Ai Carol.Sou apaixonada por sua literatura,tão displicente e deliciosa!

R. disse...

Tenho paixão por olhos. E sombrancelhas. Principalmente esses olhos que falam. Dizem que por trás de todo cafajeste tem um romântico enrustido -não me considero nem um, nem outro, acho que me sobra o machadiano, sem amarguras. Sei lá. Raspas e restos me interessam, sempre.

Bjs