leva, setembro

sábado, 1 de setembro de 2012

 

(me são inevitáveis as metonímias, por mais que o desejo seja de texto corrido, científico, enquadrado numa angústia com nome e razão - perdão, meu Pai, eu fugi da regra e não consigo manifestar meu desassossego sem correr por fora dela.)

o que esteve à-gosto do peso amorfo de nossas vidas, estacas fincadas numa busca inventada por nós mesmos.
caí na ação, reação automática; perdi as contas do meu terço, e levei nos bolsos o chumbo de dias curtos demais: eu não queria correr assim. agosto enchorrou meus pensamentos.
eu-plataforma-vibrátil, eu conectada a milhões de fios eletrocutáveis, eu ando sentindo demais o que vejo de não-respeitável (lê-se: do precoceito, da intolerância, daquilo que invade e estupra a ilha alheia) e a bile me vem à garganta.

evita a alegria,
vigia o sofrimento
sem culpa não há tormentos

qual a nudez que queremos exibir, ao final do inverno?

(porque burguês se dá ao direito de ser místico,
desde que escolha o mês.)

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