domingo, 24 de julho de 2011

- calúnia, você já procurou o significado etimológico de calúnia? parece latim, um uivo latino na segunda sílaba, bem representado. certas palavrinhas eletrizam, né? chegam na nossa cabeça, assim, de supresa, sem tocar a campainha, e brincam de roda. daí brigam, saltam umas sobre as outras, trepam. uma perde o sentido na outra, que quer ter vários, briga de ego, você já tentou pensar no tamanho do seu, assim, mensurado? medido, fechado, vedado, quantidade máxima de palavrinhas, inhas, que te azucrinam e te perturbam mais que a sensação de ter casquinhas de pipoca na garganta. imagine, passar a vida tentando tossi-las, sem sucesso? aí você pede pro seu, digamos, melhor amigo - parênteses, melhor amigo, melhor amigo, olha de novo a ideia de mensuração - abrir sua boca o máximo possível, empurrando seus dentes com a mão, e aí olhar lá no fundo, como aqueles domadores de leão: "não tem nada". dá vontade de engoli-lo, "agora tem". nem precisa chegar no fundo pra saber que se deseja, mais hoje do que ontem, ter alguma coisa, ser sujeito tratável, melhoral, como a aspirina. recauchutável, apaziguável. tá difícil, né? ah, como tá difícil! e eu só queria entender, racionalmente, essa necessidade idiota que temos de agir com a razão, você en-ten-de que contradição ridícula? razão deve vir de raso, não é, por favor, concorde comigo, você tem outra palavra pra isso senão fenômeno-contemporâneo?
-amor.

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