de uma nota só

quinta-feira, 22 de maio de 2008

De sandálias sem salto, derramava-se na cadeira de cordas da varanda. E enroscava-se graciosamente em seus braços, com a leveza da gata de sua avó – que tinha feito aqueles bolinhos-de-chuva que tanto gostava, apesar de o sol naquele dia estar brilhando arrogantemente.
E devorando esses bolinhos-de-chuva que tanto gostava, lia um desses romances que se compra na banca, em dias de solidão e de esperança. Ah, mas ela comprou porque achou a capa bem bonita! Azul-bebê, com dois amantes mais enlaçados do que ela na cadeira cor-de-vinho.
... Mas ela não estava nem aí pro jhonny que era apaixonado pela susy que era meio masoquista e achava que amava o seu primo larry. Na verdade, erguia os olhos do livro a cada quinze minutos, esperando seu moço de terno branco e chapéu de lado passar.
É claro que ele não passou. Ora, quanta pretensão querer encontrar esse tal moço numa quarta-feira banal!
Que desacato. Fechou seu livro, e toda emburrada foi-se a brincar com a gatinha – que ronronou assanhadamente, espreguiçando-se.